por Flavia Martin novembro 10, 2017
John Draper, também conhecido como "Captain Crunch", vem ao Brasil para evento de cultura hacker e prepara sua biografia
Steve Jobs e outros dois nerds tentavam fazer uma ligação clandestina para o Papa. O ano é 1972, os três estão no alojamento estudantil da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e discam para o Vaticano. Parece o começo de uma piada, mas é mais uma anedota na biografia de John Draper, de 74 anos, um dos mais importantes hackers do mundo e está no Brasil para participar do Roadsec, festival sobre a cultura hacker que acontece neste sábado, dia 11, em São Paulo.
Pouco antes desse encontro com Jobs e Steve Wozniak, o outro fundador da Apple, Draper tinha inventado a “Blue Box”, gambiarra feita com um apito de plástico que vinha de brinde dentro da caixa de cereais do Cap’n Crunch (daí o apelido dele, “Captain Crunch”) com a qual ele conseguia fazer ligações gratuitas de telefone. Com a tal caixinha azul, era fácil reproduzir fielmente o tom de 2600 Hz usado para acessar diretamente o satélite nas chamadas de longa distância.
A criação obrigou os EUA a aprimorar seus sistemas de telefonia e rendeu a Draper o protagonismo num movimento hacker chamado Phone Phreakers, além de cinco anos de prisão por fraude.
Pós-cadeia, ele foi contratado por Wozniak para trabalhar no projeto do Apple II. Logo depois, porém, acabou preso novamente. Da cadeia, ele criou o EasyWriter, editor de texto para o Apple II, cujo nome era inspirado em um de seus filmes favoritos, o "Easy Rider", à época um dos símbolos da contracultura americana.
Mas, longe de ser apenas um geek excêntrico e bigodudo com apreço especial por passar trote, Draper é cultuado mundialmente por jovens programadores e ativistas online. Em uma rara entrevista em 1994, Steve Jobs afirmava que, sem Draper, não existiria a Apple.
Hoje, esse senhor de barba branca atua como defensor da privacidade online e, portanto, evita dar entrevista por telefone ou Skype. Reza a lenda que, depois de anos vivendo como nômade, ele hoje mora em Las Vegas, o que ele não nega nem confirma: "Privacidade, lembre-se disso", é a resposta.
Mas, por e-mail, ele me explicou por que, há décadas, decidiu hackear sistemas: "Hacking é uma forma de democracia, de provar para governos e corporações que não somos inofensivos e aceitamos tudo. Hackers são vigilantes e muitas vezes justiceiros. Minha motivação foi a possibilidade. Eu fiz porque conseguia fazer".
Sobre a história do telefonema para o Papa Paulo VI… "Não existia rastreio de ligações naquela época, acho que nunca saberemos a verdade."
Abaixo, saiba o que ele pensa sobre algumas questões da nossa era ultratecnológica.
"Cada país tem suas leis. Se você fizer algo ilegal, não está sendo ético. Não respeitar o direito à privacidade alheia também não é nada ético, mas até os governos fazem isso, então a linha é tênue."
"Somos livres, inclusive para expormos nossas vidas. Ter privacidade não quer dizer viver exilado. Apenas saiba proteger os dados sensíveis. Use senhas fortes e dupla autenticação para emails e redes sociais, converse por aplicativos criptografados, como o WhatsApp e Signal, e não seja idiota o suficiente para cair em esquemas de email. Alguém pode usar essas informações para quebrar suas senhas, roubar o controle das suas redes e até roubar o seu dinheiro. Mas o pior é que podem te monitorar sem você saber. E ter os seus dados publicados na internet te coloca diretamente no alvo de fraudadores."
"A democratização da criptografia. Hoje todos podem ter conversas privadas, do mesmo jeito que governos e exércitos já faziam há tempos."
"A IA vai ser uma ferramenta importante para descobrirmos a próxima fronteira. Ela vai ajudar as mentes brilhantes a serem ainda mais brilhantes, porque vão ter a ajuda de um computador e não terão só que mandá-lo fazer algo."
"É uma biografia maluca da minha vida. Uma boa história sobre como ser curioso pode mudar a sua vida e o mundo. Pode te ajudar a fundar a empresa mais valiosa do mundo e pode te colocar no xadrez."
"Hoje estou empenhado em ajudar jovens a descobrirem o poder do hacking. Quero que mais pessoas tenham esse poder."
"Será minha primeira vez (no país), mas descobri que minha maior base de fãs está na América Latina depois que fui a uma conferência em Bogotá. Estou ansioso, pois o Roadsec é o maior evento daí, então espero ser muito bem recebido."
"O bigode foi por estilo, desde a juventude. A barba veio depois… Ser um presidiário muda a sua perspectiva sobre a vaidade."
^
Jornalista, carioca e apaixonada por barbas e barbudos.
por Samuel Tonin janeiro 06, 2021 0 Comentários
por Samuel Tonin dezembro 16, 2020 0 Comentários
Tá aqui mais uma sessão de perguntas e respostas dos barbudos. Dessa vez tem desde corte de barba pra iniciantes até dicas pra comer sem sujar o bigodão.
Vamos lá!
por Samuel Tonin novembro 23, 2020 0 Comentários
A linha do pescoço bem demarcada e na altura certa pode definir melhor a sua linha da mandíbula e dar um aspecto mais simétrico e limpo ao seu estilo.
Veja como fazer.
Rua das Laranjeiras, 390 - Casa 10
Rio de Janeiro/RJ 22240-006
CNPJ: 20.010.307/0001-80
Sign up to get the latest on sales, new releases and more…
© 2021 Sobrebarba. 🔐Site Seguro. Website template by Shopify